Recentemente ficamos sabendo de mais uma fala polêmica de Lula, quando ele estava na fábrica da Volkswagen a fim de prestigiar os novos investimentos da empresa no país, e saudou de maneira dúbia uma funcionária que havia ganho um prêmio de viagem a Alemanha em razão de seu bom desempenho.
"Essa menina bonita que está aqui… Eu estava perguntando: O que é que faz essa moça sentada? (...) Aí perguntei: Não, não vai ter música. Então ela vai batucar alguma coisa? Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor"
Nada excepcional. Apenas mais uma gafe das muitas que Lula tem colecionado desde seu primeiro governo. Mas com certeza é decepcionante para muitos que idealizam o personagem Lula, e dão de cara com sua rústica pessoa real. O personagem Lula, de fato, tem sido construído desde que o ex-líder sindical surgiu para a fama, representando no imaginário coletivo a figura do trabalhador que deve chegar ao poder, consoante à teoria de Luta de Classes marxista. Seus seguidores veem nele um selo de autenticidade: Lula é o trabalhador, o genuíno brasileiro, vindo das massas para a redenção das massas. É um ícone para ser reverenciado.
Como animal político, não se pode negar que Lula possui virtude, no sentido maquiavélico do termo - a virtù. É inegável sua habilidade política, e impressionante sua capacidade de se reinventar. Mas os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente ressentem-se de seus modos rudes e de sua absoluta indiferença quanto à possibilidade de estar ofendendo seu interlocutor.
E ironicamente, essa tosquice não é um sinal de que o personagem é falso. Antes, é a confirmação de que é genuíno. Lula veio das massas, do mais profundo populacho, e traz em sua pessoa tudo de mau que se encontra nesse buraco: é grosseiro, ignorante, preconceituoso, machista, racista, presunçoso, sem tato, sem refinamento. Dificilmente poderia ser diferente.
Mas o que me chama mais atenção em Lula é a candura com que ele expõe sua fata de honestidade. Não é um afã de esconder suas falcatruas, mas parece simplesmente ignorar que tais falcatruas consstituem violação das leis do país. Lembra o Coronel Teodorico, personagem de Monteiro Lobato, que o concebeu como um roceiro inculto, vizinho de Dona Benta. Um dia oferecem-lhe uma suposta máquina que imprime dinheiro, tradicional conto do vigário, e ele fica entusiasmado. Mas antes explica:
"A máquina faz dinheiro de verdade. Porque fazer dinheiro falso é crime, mas dinheiro de verdade não"
Acho que encontrei a definição ideal pars Lula: o moderno Coronel Teodorico..
Mas quem nos governa é o animal político. Confiemos em Maquiavel.
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