O governo Bolsonaro teve um deempenho econômico pífio, mas não quebrou o país. O governo Lula teve um início tranquilo. Mas já dá sinal de estar "dilmando", expressão recém-criada que denota a entrada em um espiral de declínio pela repetição de velhos equívocos. O assunto foi abordado pelo The Economist nesse vídeo que critica Lula como perdulário. Segundo afirma, Lula age como se o país fosse mais rico do que é.
Não surpreende. Há décadas, o Brasil e demais "emergentes" da América Latina oscilam entre o estatismo e a desestatização, como se não conhecessem outra fórmula. Chega a ser uma obsessão doentia. Na verdade, a desestatização nada mais é do que a inevitável venda de ativos de um estado quebrado, que mais cedo ou mais tarde acaba sendo seguido por mais um ciclo de estatismo. A ideia é que o Estado deve ser o indutor do desenvolvimento, gastando sempre mais do que dispõe e endividando-se, como se o retorno aos investimentos do Estado na infra-estrutura fosse sempre capaz de tapar o rombo a tempo de repetir-se o ciclo.
Mas Lula pode até ser considerado um participante moderado dessa síndrome. Nada comparado a uma Argentina, ou mais recentemente, a uma Venezuela. Em seu primeiro governo, Lula não dilapidou o legado do Plano Real. O descalabro começou com Dilma, sua sucessora, que foi retirada do cargo e sucedida por governos que pouco puderam fazer além de consertar o que ela fez.
O Lula do segundo governo parece uma versão cansada do Lula do primeiro governo. Em comum, tem a sorte de pegar um país com as contas mais ou menos equilibradas. Mas não sabe fazer diferente: mesmo com voz cansada, dá todos os sinais de que está "dilmando", repetindo as mesmas fórmulas fracassadas, aumentando o gasto público, afugentando os investidores. Alguns economistas até preveem uma data para a quebra do país: 2026 ou 2028, conforme as previsões. Após essa data, o desequilíbrio das contas públicas inevitavelmente afundará o país em recessão e inflação.
Mas se Lula está dilmando, haverá outra Dilma? Um sucessor, posto que em razão da idade, o próprio Lula dificilmente se habilitará a um novo mandato. Mesmo porque, sua especialidade sempre foi deixar a bomba estourar na mão dos outros. Se as previsões catastrofistas estão corretas, Lula deixará o governo a tempo de que a bomba não estoure em suas mãos, e o que vier em seguida pode ser atribuído à imperícia de seu sucessor. Mas não se sabe se esse sucessor será do PT. Caso não seja, será mais um "direitista", obrigado a tomar medidas impopulares para restaurar as contas públicas, assim preparando o cenário para novo ciclo de gastança chefiado por um governo de esquerda.
Mas se o sucessor fou um petista, pode ser a desmoralização. Como não dá para rejuvenecer Lula, e mesmo se desse, ele não toparia porque não entra em canoa furada, então o remédio será o PT se reinventar. Talvez assim finalmente consigamos quebrar o ciclo que se repete desde a Era Vargas.