A derrota por goleada do Fluminense na final do campeonato mundial de clubes poderia ser um assunto irrelevante para se comentar aqui, além de ser de todo esperada, mas ela tem, sim, um significado histórico. Trata-se do emblema de nosso papel desde sempre no comércio mundial, o de ser fornecedor de matérias-primas, agora chamadas mais elegantemente de commodities, para serem processadas pelos países desenvolvidos.
Nenhum jogador de bom nível, nos dias presentes, atua em uma equipe nacional. O Fluminense foi derrotado por uma equipe britânica cujos principais jogadores são estrangeiros. A nacionalidade já não tem significado no futebol de clubes, apenas nas seleções. Mas eu pergunto que paixão há em torcer para uma seleção nacional cujos jogadores atuam todos no exterior, você jamais os viu em um estádio brasileiro, são praticamente estrangeiros. Eu dispenso. E não sinto falta: já fui interessado por futebol a acompanhei partidas com prazer, então já vi o que um dia existiu de melhor, e não preciso de mais.
Mas o fim da relevância do Brasil no mundo do futebol é também o fim de um antigo orgulho nacional. Triste isso? Não acho. Terminou uma antiga empulhação que insistia em ver um significado antropológico e racial profundo no futebol brasileiro, a qual deu origem a mitos cultivados aqui com carinho, mas também a caricaturas até hoje repetidas no exterior sobre os brasileiros. Tenho a impressão de que estamos menos ingênuos agora. Futebol é só futebol. Não é a manifestação do improviso e da irreverência da população mestiça. Não é o patriotismo levado ao esporte. Não é o bálsamo que faz esquecer as dificuldades da vida. Não é a alegria natural de um povo que está sempre festejando, porque só sabe fazer isso. Futebol é só futebol.
Mas a derrota do Fluminense não deixa de ser a derrota de todo um país que falhou em tornar-se mais que mero exportador de profutos primários.
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