domingo, 10 de dezembro de 2023

Mais Uma Guerra de Bobagem

O noticiário tem sido dominado por uma novidade ao mesmo tempo inusitada e assustadora: a iminência de uma guerra bem às portas do país, na Guiana, que tem parte do território reinvindicado pela Venezuela.

Conhecendo o que aconteceu em 1982, no episódio conhecido como Guerra das Malvinas, não dá para acreditar que com certeza é tudo uma farsa. Os mesmos componentes estão visíveis: uma antiga disputa territorial esquecida, um regime ditatorial fracassado que deseja catalisar o apoio da população, uma causa que une governo e oposição. Desta forma, nosso esquecido continente é trazido brevemente para os holofotes da relevância internacional.

Mas o que quer que aconteça, não vai incomodar o mundo, se nem mesmo a guerra entre a Rússia e a Ucrânia incomoda tanto. É mais uma prova de como a América Latina saiu da História, e só obtém atenção por meio de espetáculos encenados, dos quais o regieme chavista sempre mostrou-se especialista. Tempo houve em que esta parte do mundo era considerada a região "emergente" por excelência, local de futuras potências mundiais, e importantíssima do ponto de vista estratégico no contexto da Guerra Fria: aqui EUA e URSS disputavam aliados e intervinham por todos os meios.

Hoje isso acabou. Emergentes são os países da Ásia, nova potência é a China, e encerrada a Guerra Fria, Cuba voltou a ser uma ilha pitoresca no Caribe, e a Venezuela pode ser comunista à vontade, que isso em nada perturba a ordem mundial. E pior, pode até fazer guerra, que tampouco importa a alguém, exceto a quem está por perto. Mas se o próprio comunismo da Venezuela não passa de mais uma encenação do regime, o mesmo pode ser dito a respeito desta guerra.

Ou nem tanto. Se acontecer, o Brasil será invadido, sim, não por soldados, mas por refugiados da Guiana, que está logo ali na fronteira. Esses refugiados se amontoarão junto com outros refugiados mais antigos, os venezuelanos em Roraima, e é claro, vão brigar. Uma confusão monumental. E nosso presidente já pagou com a língua: após levar sua mensagem de apoio ao compadre Maduro, antigo aliado de esquerda, agora tem que pisar em ovos para dizer que o compadre não deve começar uma guerra que vai bagunçar nosso quintal.

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