quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Trump, Crivella e a globalização

Os candidatos já foram de um melhor nível, tanto por aqui como nos EUA, sem dúvida. Um prócer da duvidosa Igreja Universal do Reinado de Deus, do bispo Macedo, acaba de ser eleito prefeito da segunda cidade do país. Nos EUA destaca-se o bufão Donald Trump. Podemos lamentar o fenômeno, mas o melhor mesmo é buscar uma explicação racional. Uma que me pareceu instigante eu li nesse artigo do Jornal GGN, que credita a popularidade de Trump a uma rejeição à globalização.

Várias podem ser as explicações, mas há grande consenso de que essa candidatura é a catarse de um ressentimento de boa parte da população americana, grandes fatias da classe média das fábricas e dos escritórios revoltados com os  maus resultados distributivos da globalização financeira e da globalização comercial e industrial

 Quando leio essa palavra já fico com um pé atrás. Globalização, assim como o famigerado Neoliberalismo, é um daqueles conceitos que de tão vilipendiados foram esvaziados de seu sentido original e convertidos em um espantalho, ou judas de sábado de aleluia, culpados de tudo o que há de ruim no mundo. Suponhamos que a ascenção de Trump tem mesmo a ver com uma rejeição à globalização. Mas a globalização pode ser revertida?

Em um contexto restrito no tempo e no espaço, sem dúvida que sim! Medidas protecionistas podem ser tomadas para defender a indústria local. E tivemos o recente episódio do Brexit, com a saída da Inglaterra da CE. Mas globalização também é um conceito vago. Ninguém sabe quando começou, nem aonde irá terminar. E principalmente, não se trata de invenção de um grupo de pessoas que um dia se reuniram em um gabinete para planejar um novo sistema econômico. A globalização é a consequência não planejada do encolhimento das distâncias, que por sua vez decorre do aumento das populações e dos progressos tecnológicos nos meios de transporte e nas comunicações. Aquilo que não foi iniciado por decisão de alguém, tampouco pode ser parado por decisão de alguém. Assim, se os eleitores de Trump esperam que ele ponha fim à globalização, em grande medida ficarão desapontados. Se eleito, Trump não poderá agir como o bufão dos palanques, sob pena de causar um desastre que não será apenas nacional, mas planetário, considerada a importância dos EUA no mundo.

Já o caso do bispo Crivella é mais simples de explicar. Não precisamos lançar mão daqueles vagos conceitos-espantalho como a tal da globalização. Trata-se meramente da reação do povo contra o vilipêndio de seus valores tradicionais, que tem sido constante no zeitgast recente. De fato, é emblemático que a disputa final tenha ocorrido contra Marcelo Freixo do PSol, que representa em tom máximo a ideologia do politicamente correto, também conhecida como marxismo cultural, que predominou no país desde a década passada, e que agora se encontra em refluxo. Acossado pela violência e pela imoralidade, vendo seus valores tradicionais sistematicamente solapados, o povo corre para a religião. É claro que nessa corrida sobressaem-se como os principais guias aqueles pastores que falam uma linguagem mais acessível às massas e dizem o que todos querem ouvir. Assim como Trump, Crivella não poderá por integralmente em prática a pregação dos palanques, mas se tentar, pelo menos o desastre não será nem planetário ne nacional, mas afetará apenas uma cidade que de tantos desastres, parece já ter se tornado imune a eles.

Um comentário:

  1. Trump não me parece ser contra a globalização, mas contra o Globalismo. Não confie no que a midia local fala dele, lembre-se: "Traduttore, Traditore".

    Trump fala muita coisa que parece doida, mas é bem sensível: Restringir imigração, obter acordos comerciais melhores, trazer empregos de volta aos EUA, enfrentar o estado islâmico, cessar as aventuras idiotas no oriente médio, enfrentar o politicamente correto e a elite globalista, etc.

    E gostando ou não, não tem como não respeitar o cara. Ele nem ganhou e já mudou tudo:
    - Entrou por ultimo e mudou totalmente o cenário.
    - Atropelou todos os pro ceres e favoritos do partido Republicano.
    - É em prática um candidato independente que tomou um partido.
    - Aqueles que antes o repudiavam, agora estão lambendo suas botas!
    - Consegue se manter viável mesmo sendo atacado por toda a midia corporativa DO PLANETA TERRA.

    E quanto ao Crivella, não conheço, mas sofro um imenso asco dessa seita repugnante dele. Pra um deles ter ido eleito, o tal Marcelo Freixo deve ser horrivelmente ruim, considerando que ele ficou em terceiro NO SEGUNDO TURNO! Vou perguntar ao meu irmão, que mora no Rio.

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