Com o impeachment da presidente Dilma Rousseff avançando dia a dia, o país se encaminha para um quadro nebuloso que até pouco tempo atrás era piada, havendo quem jurasse que o próximo presidente poderia ser o Tiririca. Não será o Tiririca, mas o que virá não é muito melhor. O certo é que pela primeira vez em 20 anos o país sairá do domínio da coalizão PT/PSDB - o PT cairá, mas o PSDB não assumirá o seu lugar. O poder estará nas mãos de dois arrivistas, Michel Temer e Eduardo Cunha.
Quem são eles para governar o Brasil? O primeiro, um medíocre ambicioso; o segundo, um conhecido delinquente investigado, cínico e vingativo. Pertencem ao PMDB, o partido mais numeroso do país, mas que desde muito não tem mais qualquer projeto coerente ou coesão entre seus membros - é um saco de gatos, do qual escaparam esses dois gatos pingados que agora preparam-se para assumir o comando do país. É evidente que não terão respaldo de ninguém. A rejeição a eles é muito maior que a rejeição a Dilma Rousseff. Consumado o impeachment, a esquerda alijada do poder vai disparar suas baterias contra o novo governo, que tampouco terá o apoio da direita, a qual já tem seus próprios líderes e não precisa daqueles dois. Eles não vão segurar o rojão, provavelmente serão cassados e se fará nova eleição, e o que virá a seguir é totalmente imprevisível - talvez um Berlusconi, concretizando a maldição lançada pelos descontentes com a operação Lava Jato.
Estando o terreno logo à frente totalmente escuro, só vejo luz em 2018. Lula está bem cotado, e poderá ter uma ótima oportunidade de reverter todos os erros que foram cometidos desde o anúncio da nefasta Nova Matriz Econômica, e trazer o país de volta aos bons tempos de seus primeiros dois mandatos, enquanto foi mantida a macroeconomia herdada do Plano Real. Com as contas de volta ao azul após os necessários ajustes e privatizações, sobrarão recursos para reativar os programas sociais. A carga tributária poderá ser reduzida, e removidos os obstáculos e a selva burocrática que travam o crescimento da economia, como a exigência de conteúdo nacional, garantindo assim um crescimento autossustentado por longo tempo. Estou sonhando? Uma vez assumindo o governo em um cenário de terra arrasada, sem qualquer outra liderança sobrevivente e sendo ele a única luz na escuridão, Lula terá todas as cartas na mão, apto a trazer o país de volta à racionalidade, ou destruí-lo de vez. Quem viver, verá.
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