terça-feira, 25 de março de 2014

Sobre as manifestações

Desde que tudo começou no ano passado, já ouvi toda sorte de interpretação sobre o fenômeno das manifestações de protesto que começaram contra o aumento das passagens de ônibus e agora são contra a copa. Desde a revista Veja saudando a semana que supostamente mudou o Brasil até teorias conspiratórias afirmando que todos são militantes petistas criando o clima para um golpe. A única coisa que eu tenho certeza absoluta é que elas já encheram o saco, mas a par disso, tenho algumas convicções.

Primeiro de tudo, é preciso reconhecer que manifestações desta magnitude são prova cabal de que existe um grande descontentamento no ar, disseminado na população em geral, a despeito dos bons níveis de aprovação do governo. O que é estranho é que o pessoal não consegue verbalizar esse descontentamento. Os mesmo manifestantes que gritaram Fora Sarney, Fora Collor e Fora FHC, não conseguem pronunciar Fora Dilma, Fora PT e muito menos Fora Lula. É como se essas palavras houvessem sido extirpadas do vocabulário. Daí que ninguém sabe direito quem são nem o que querem os manifestantes: quando indagados, eles dão motivos hiperbólicos e vagos: "contra a corrupção", "contra a violência", "contra tudo isso que está aí". Eles são contra a corrupção? Muito bem. Só falta dizer quem é a favor da corrupção. O governo, por acaso?

O fato é que não existe manifestação contra conceitos abstratos - manifestações que surtem resultados são feitas contra entidades concretas, contra governos e governantes. É evidente que um indivíduo que está descontente, mas não sabe o que quer, é a mais perfeita massa de manobra já surgida, o bobalhão dos sonhos de todo manipulador. Daí que as manifestações tenham sido tão barulhentas quanto inócuas, e só incomodam mesmo pela depredação de patrimônio que causam.

A minha tese definitiva é que as manifestações que ora enchem nossa paciência são um fenômeno conhecido como combustão espontânea. Conforme é sabido, quando grande quantidade de combustível é despejada no solo, há sério risco de entrar em combustão espontânea. Analogamente, o PT, ao longo dos anos, despejou tal quantidade de militantes por toda a parte, que esses desocupados começaram a agir por conta própria. É verdade que a criatura ainda não se voltou diretamente contra o criador - conforme comentado, os desordeiros têm procurado escrupulosamente evitar o nome sagrado do PT em suas faixas - mas esse risco aumenta a cada dia, haja visto que muitos dos militantes já se bandearam para o PSol. Por este motivo, acredito que o PT está apenas esperando o momento certo para baixar o pau. E penso que esse momento será quando chegar a copa.

Quem estiver vivo até lá, confirme se eu acertei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário