A próxima eleição presidencial está se desenhando como uma disputa pessoal entre Lula e Bolsonaro, o que não é nada animador, não só pela sensação de dejà vu que evidencia a ausência de renovação, mas pelo radicalismo tosco dos personagens, que evidencia uma ruptura do espectro político que não se percebe no dia-a-dia da grande maioria da população.
Se Lula foi uma esperança que gorou, Bolsonaro é o retrato de um país de mau humor, desapontado por haver sido frustrado em suas esperanças. Bolsonaro é um boquirroto, mas ele não faz tanta bobagem quanto fala, ou teria ficado lá pelo meio do mandato tal como Jânio Quadros, Collor de Mello e outros "pontos fora da curva" de nossa política. Lula, é forçoso reconhecer, não fala bobagens. É extremamente articulado com as palavras, embora eventualmente tropece na gramática. Mas pelas costas faz as bobagens que não fala, é narcisista e ardiloso. Lula é um político. Bolsonaro é um anti-político. Lula é um malandro. Bolsonaro é um santarrão. E as comparações não param por aí.
Na realidade, tanto Bolsonaro quanto Lula encarnam caricaturas de figuras do passado. Bolsonaro é um patético ditador militar perdido em uma democracia, com a cabeça ainda no regime dos generais, do qual não participou porque era um simples cadete na época. Lula encarna o sonho dos anos sessenta, o operário no poder, utopia que ruiu com o Muro de Berlim. O país, de fato, parece ter sido congelado em algum momento entre o inicio dos anos 80, quando ruiu o sonho do Brasil Grande dos militares, e o início dos anos 90, quando ruiu a utopia socialista.
Mas ao contrário de Bolsonaro, Lula sabe se reinventar. Se não há renovação, então ficamos na expectativa do Novo Lula versão 2023. Bolsonaro parece que já deu o que tinha que dar.
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