domingo, 15 de junho de 2025

O Quintal de Trump


"Vamos retomar o o nosso quintal", declarou Peter Hesseth, secretário de defesa dos EUA, conforme citado nesse artigo. Obviamente está se referindo à América Latina, alegando que a influência da China tem crescido demais nessa região que os EUA sempre consideraram sua área de influência.

A comparação desperta alguns gatilhos nos brasileiros. Afinal, a imagem de "quintal dos EUA" sempre foi recorrente da parte de nacionalistas de esquerda para denunciar o pretenso imperialismo norte-americano e nossa suposta subserviência. Mas como bem diz o autor do artigo, o Brasil não cabe no quintal de ninguém. O Brasil nem é um dos alvos principais de Trump. Mas a forma que Trump tem agido é inquietante.

O presidente dos EUA já mostrou que não é um mero parlapatão, e está disposto a fazer o que disse que faria. É imprevisível, e dá sinais de desequilíbrio mental. Sua divisa é "Fazer a América grande novamente", sendo pressuposto de que a América "não é mais grande". De fato, os EUA não possuem mais o mesmo poder de tempos atrás. Mas sua figura caricata, até grotesca, é uma evidência de que os EUA estão se apequenando.

Trump parece estar disposto a ressuscitar o imperialismo à moda antiga, com sanções, ameaças, e por que não, intervenção militar. Mas seus arroubos já esbarram no entorno - as póprias leis do país, que tornam ilegais várias providências já tomadas por ele; oa aliados tradicionais, irracionalmente atacados; o povo nas ruas, em um paós onde os imigrantes perseguidos se contal aos milhões, e por fim, as leis impessoais da economia, que fatalmente resultarão em prejuízos devido à guerra tarifária e a insistência em trazer de volta ao país indústrias que atuam no exterior com maior vantagem.Diz o autor do artigo:

O imperialismo à moda antiga era às vezes mais sutil. Theodore Roosevelt, que foi presidente dos EUA de 1901 a 1909 e executou política externa nacionalista e agressiva, tinha como lema: “Speak softly and carry a big stick” (“Fale suavemente e carregue um grande porrete”). Já Trump “speaks loudly and carries a doubtful stick” (“fala alto e carrega um porrete duvidoso”).

O soft power dos EUA está sendo destruído rapidamente. De certa forma, Trump, que não acredita em hipocrisias, desnuda a face problemática de um país historicamente violento, marcado por fissuras internas de conflitos étnicos e raciais, e por fissuras exteranas de um sem-fim de guerras. Aqui no Brasil, tudo o que podemos fazer é assistir. Mas também é o melhor que podemos fazer. Se estamos entrando na órbita da China, devíamos ao menos adotar a divisa chinesa: trabalhe e esconda sua força.


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