sábado, 19 de setembro de 2015

E se...

Esse blog é sobre História, mas com frequência me atenho a assuntos do presente. Entretanto, não se pode compreender o presente - muito menos prever o futuro - sem conhecer, e entender, o que aconteceu no passado.

Recentemente um boato começou a circular nos forum´s que frequento: O PT já admite a hipótese da renúncia da presidente Dilma Rousseff.

Isto me sugere a repetição de um memorável episódio ocorrido no passado. E não estou me referindo ao fiasco da renúncia de Jânio Quadros. Se Dilma Rousseff chegar hoje na TV e anunciar: eu renuncio à presidência, o país poderá estar vivendo a mais espetacular virada de jogo desde o suicídio de Vargas em 1954. A população com certeza ficaria comovida com o gesto. O PT, de uma hora para a outra, voltaria a ser oposição, coisa que sabe fazer muito bem. E a atual oposição, que ora solta foguetes, de um momento para outro passaria de pedra a vidraça. A rebordosa sobraria para eles, e obviamente não teriam no curto prazo nada de bom para oferecer à população. Com o tempo, a lenda da presidenta que foi martirizada pelas forças reacionárias ganharia força, e o PT chegaria com tudo na eleição de 2018, oxalá com a economia já consertada e pronto para mais quatro anos de bonança.

Mas é pouco provável que tal sacrifício parta de uma pessoa que não hesitou em sacrificar o país inteiro para vencer a eleição.

Outro assunto que me chamou a atenção no mesmo fórum foi essa postagem sobre o longo processo de desindustrialização do Brasil. Merece atenção. A desindustrialização é um fato concreto, que aliás não acontece só por aqui. O setor secundário, a indústria, vem sendo suplantado pelo setor terciário, os serviços. Mas no caso do Brasil, a dita desindustrialização revela acima de tudo o fracasso do modelo de substituição de importações que vem desde a Era Vargas, e que o PT tentou ressuscitar. Impressiona como esse modelo esgotado, há muito abandonado pelos países emergentes da Ásia que hoje nos fazem comer poeira, continua a ser repetido por nossos especialistas em economia. Lembra o dia da marmota: sempre que esse pessoal dorme, acorda nos anos sessenta e volta a repetir os mesmos mantras e chavões que pareciam fazer sentido naqueles tempos. Mas não posso dizer que isso me surpreende: a História está cheia de exemplos de elites políticas e econômicas que se mostraram absolutamente incapazes de enxergar mudanças que ocorriam bem debaixo de seus narizes, como no século 19 os junkers prussianos e os fazendeiros sulistas norte-americanos. O exemplo atual são os líderes sul-americanos estacionados em suas utopias dos anos sessenta.