sábado, 17 de outubro de 2015

Total indefinição

Não tenho escrito muito ultimamente, mas há um bom motivo: não tenho muito sobre o que escrever. O quadro atual é de total indefinição e muito pouco inspirador. O tema do impeachment voltou à baila, mas já chega requentado: a essa altura resta pouca dúvida de que a motivação desta proposta sustenta-se quase exclusivamente na ambição desmedida de Aécio Neves em ser presidente. Resta saber por que caminho. Se Dilma sair, entra Temer. Existe a possibilidade de invalidar-se toda a chapa petista de 2014, e aí sai Temer e entra Cunha. Mas Cunha já está caindo. Aécio quer tornar-se o novo presidente da câmara, para ser o próximo na linha de sucessão? Mas ele é senador.

E de resto, já apontei aqui inúmeras vezes a inconveniência política do impeachment. Além da desmoralização do país ter dois presidentes impedidos em um intervalo de trinta anos, será de todo contraproducente para os atuais oposicionistas. O PT vai passar de telhado a pedra, e atirar pedras o PT sempre soube fazer muito bem. O novo governo, seja qual for, não poderá oferecer nada de alvissareiro à população no curto prazo, e ficará sob fogo cerrado dos petistas lembrando os bons tempos de Lula, que poderá voltar em 2018. Sacar Dilma do poder agora poderá ser um enorme tiro no pé do PSDB.

Mas tudo são hipóteses, porque de concreto, não acontece nada. O ajuste não sai. A presidente não age nem reage. Levy não implementa um plano nem pede demissão. E tudo acontece o contrário do que devia ser: o PSDB, ao invés de ater-se à racionalidade de sua grande obra, o Plano Real, vem com propostas populistas irresponsáveis, sem perceber que agora é tarde demais para bancar o esquerdista. Lula, ao invés de apoiar Dilma nesse momento delicado, faz discurso de opositor, criticando a austeridade e o ajuste como se fossem evitáveis a essa altura. Tão ambicioso quanto Aécio, está de olho na sucessão presidencial, mas o risco de cair do pedestal é muito grande. A impressão geral é que o momento de Lula já passou, e que o momento de Aécio não vai chegar nunca, pois tal como competidor afoito, ele queimou a largada. Diante de quadro tão confuso, até o dólar parou de subir e ficou esperando alguma coisa acontecer.

Enquanto o futuro não chega, o remédio é escrever sobre o passado. Vou ver se descubro um tema.

Um comentário:

  1. Acho que a indefinição vai ficar até os fatos atropelarem todas as partes.
    E sim Aécio e o PSDB estão queimando os cartuchos muito rapidamente. A hora é de desgastar o PT, que a cada dia perde a boa fé que lhe resta. Se de um lado a presidente continua á falhar, do outro lado a oposição não consegue a brecha para derrubar Dilma de uma vez. Eduardo Cunha continua a protelar, porque sabe que o vencedor vai apea-lo.

    Se o Brasil fosse uma monarquia parlamentarista, Dilma provavelmente teria saido entre Julho e inicio de Outubro depois que o congresso praticamente se revoltou contra o governo. Ao invês disso, vivemos num ambiguo parlamentarismo branco onde Eduardo Cunha tem mais poder que a presidente da republica. Coisa doida.

    Se cair Cunha entra Renan, correto? Mas Renan Calheiros tem problemas também, então teriamos uma presidência interina do Presidente do STF, ou seja, Ricardo Lewandowski?!

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