sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quando penso no futuro...

"Meu filho, tome cuidado, quando penso no futuro, não esqueço meu passado"

Esse blog, como afirma o título, versa sobre História, aquilo que é passado. Mas mesmo quando comento assuntos do presente, é impossível separa-los de seu contexto histórico.

Com o anúncio pelo governo do ajuste fiscal, estamos assistindo a mais um debacle da euforia desenvolvimentista, como tantos outros que já tivemos em nossa História. Uma interessante explicação para tantos "voos de galinha" eu encontrei aqui nesse artigo de Diogo de Almeida Fontana, intitulado Take your time, Brazil.

Cito alguns trechos:

"...nosso primeiro século de existência independente foi um tempo de condescendência, no qual se reconhecia as mazelas, se apontava os problemas, com a consciência de que havia muito por fazer, mas reputando tudo sempre como desculpável, explicável por nossa juventude. Com o tempo, com o trabalho, cedo ou tarde haveríamos de atingir o patamar dos povos da Europa (...) Subitamente, todavia, despontou ao Norte um gigante que vencia europeus no campo de batalha, que erguia torres que chegavam até o céu, que fabricava automóveis, aviões, navios, e tudo o mais que se possa imaginar, que decidia uma guerra mundial. (...) Doravante não havia mais desculpa, não havia mais perdão. Caiam as escamas dos olhos nacionais. O Brasil revelava-se definitivamente um país atrasado, periférico, um povo bárbaro que ficara para trás na carreira da História"


"Desde então a pressa, um sentimento de urgência, um aflitivo imediatismo, tomou de vez a alma nacional. O Brasil já não tinha tempo a perder, era preciso correr, fazer 50 anos em 5..."

"Pressa, pressa, sempre a pressa a pautar nossas decisões! Levamos luz elétrica aos rincões e aos subúrbios, mas em horrorosos postes de concreto com a fiação exposta. Construímos estradas e pontes, mas com aparência militar, cinzas, feias, sem adorno, sem acabamento."

Algo que nunca deixei de reparar na paisagem urbana brasileira é como tudo parece ter sido feito "nas coxas", apressadamente, de qualquer maneira, sobretudo quando comparado a obras similares realizadas nos países desenvolvidos. O último governo não foi diferente: Dilma ressuscitou o nacional-estatismo que Fernando Henrique havia mal-e-mal sepultado, e retornamos à rotina de obras caras e mal feitas financiadas com dinheiro público distribuído pelo BNDES ao séquito de empresários amigos-do-rei, os juros subsidiados à custa dos juros altos pagos pelos que não são amigos do rei, ou pela totalidade da população na forma de perda do poder aquisitivo de sua moeda.

Quando nosso futuro deixará de repetir o passado?

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