domingo, 5 de outubro de 2014

O Erro do PSDB

O bom desempenho do candidato Aécio Neves nesse primeiro turno foi surpreendente. Estará o PSDB, finalmente, ressuscitando? Temos aqui uma boa ocasião para meditar sobre o que tem levado esse partido a sucessivas derrotas, isso após haver protagonizado o único plano econômico bem sucedido em décadas, o Plano Real.

Minha conclusão é uma só: o erro do PSDB foi tentar emular o discurso petista. O eleitor não se empolgou - afinal, por que alguém desejaria a imitação, se pode ter o original?

Em parte justifica-se, pois é o discurso petista que é entendido pelas massas. Equilíbrio de contas, agências reguladoras, independência do Banco Central, essas coisas são entendidas por mim e por você, não pelo povão. Como também é inócuo denunciar novos casos de corrupção no governo, pois o eleitorado petista, na época atual, é constituído por aquela massa que não se importa com a corrupção, uma vez que não tem rendimentos suficientes para pagar impostos diretos - se não saiu do bolso deles, então não há motivo para se sentir pessoalmente lesado. É essa massa que, historicamente, sempre reelege os políticos cassados por corrupção. No passado ela já pertenceu à antiga ARENA do regime militar, depois foi herdada pelo PMDB de Sarney, foi dos coronéis nordestinos e hoje pertence ao PT. E ao que tudo indica, permanecerá fiel.

A minha convicção é que a atual hegemonia petista só terminará quando começar a doer no bolso. Há duas maneiras de aprender: pelo discernimento, ou levando na cabeça. O sábio aprende pela experiência alheia, o ignorante só aprende pela experiência própria. Por enquanto, o povão constata que o saldo é positivo, sua vida melhorou com o PT no poder. Mas é evidente que o saco agora está vazio, os últimos cartuchos foram queimados nessa campanha. A vitória de Dilma pode até ser contraproducente: sem poder repetir os bons resultados passados, o povão perderá a confiança, e tchau PT. Talvez fosse até mais conveniente que um "neoliberal" ganhasse essa eleição, para arrumar a casa, arcar com o ônus de impopularidade e deixar tudo limpo para o retorno triunfal de Lula em 2018: seria apenas um breve interregno na atual era petista. O futuro o dirá.

Quanto ao PSDB, só vejo solução se esse partido desistir de imitar o discurso populista, e ao invés disto adotar um discurso coerente, que permaneça de eleição para eleição, mesmo que não obtenha eco imediato no eleitorado. Quando o último engodo for desmascarado, o povão - ignorante, mas não burro - verá enfim quem tem razão.

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