sábado, 21 de junho de 2014

As vaias da Dilma

Já gostei de futebol a ponto de ter sido um frequentador assíduo de estádios, hoje em dia não acompanho mais. Mas difícil é deixar de falar de futebol em época de copa do mundo.

A meu ver, a copa no Brasil começou até bem. Os problemas técnicos e logísticos foram menores que o esperado. Os baderneiros de sempre mal chamaram atenção. E os jogos têm sido bons. Comecei a ficar otimista depois que vi a festa de abertura, pois antes tinha dois medos. O primeiro, que fosse uma festa espetacular e cheia de pirotecnias tecnológicas de custo altíssimo, o que me faria ter a sensação das notas voando do meu bolso, pois obviamente quem paga isso tudo somos eu e você. Mas a festa foi simples e não deve ter custado muito. O segundo medo foi que houvessem resolvido fazer uma festa "genuinamente brasileira" para gringo ver, o que significa muita mulata rebolando para nos fazer alvo de escárnio lá fora. Mas artisticamente a festa foi anódina, não teve mulata de bunda de fora, e na verdade não teve nem um sambinha, de que senti falta. Não teve sambista, mas teve um funkeiro, sinal dos tempos. Alguém decidiu que a representação autêntica de nossa cultura popular não é mais o samba, e sim o rap importado dos guetos negros norte-americanos, e assim ficou resolvido. Mas estou me desviando do assunto, ia falar da nota triste da festa: a vaia que Dilma levou.

Por mais que eu seja contra a Dilma, não posso deixar de ficar envergonhado com a grosseria de meus compatriotas. Felizmente poucos dos estrangeiros presentes deve ter entendido as palavras de baixo calão. Achei a vaia, sobretudo, incoerente: se eles são contra a copa, como os manifestantes que andam por aí gritando, então o que eles estavam fazendo no estádio? Mas a réplica da Dilma foi ainda mais incoerente: culpou a elite. Segundo declarou, as vaias que ouviu não vieram do povão, mas da tal de elite. Concordo. A julgar pelo preço dos ingressos, quem estava ali, decididamente, não era o mesmo povão com que eu me imiscuía ombro a ombro nos tempos em que eu frequentava estádios de futebol. Mas se Dilma queria escutar os aplausos do povão que,  segundo crê, lhe dá apoio, então por que foi fazer uma copa em que só a elite pode ir ao estádio? Incoerente. Na copa de 50, um em cada dez habitantes da cidade do Rio de Janeiro estava no estádio no dia da final. De lá para cá, copa do mundo deixou de ser diversão de massas. Então, Dilma, que ature você a elite!

Eu de qualquer modo já deixei de acompanhar futebol, para mim tanto faz. Mas vou torcer para que a copa seja um sucesso, a fim de que não passemos mais vergonha ainda.

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